quarta-feira, 14 de maio de 2008

ENSINO DE POUCOS PARA POUCOS

Por Larissa Zambelli (1º Direito) e Livia Berdu (4º SS)

Entra ano, sai ano e as chamadas “reformas” propostas pelos governos continuam seguindo a mesma lógica neoliberal, que implica na fragmentação e precarização cada vez maior dos serviços públicos, como a saúde, lazer, segurança e educação, além das terríveis condições de trabalho que enfrentam a maioria da população brasileira. Nesse contexto, encontra-se o ensino superior, ou seja a UNESP!, que sofre diariamente as conseqüências dessas políticas. O exemplo prático dessa política e que estamos inclusive vivenciando-o é o da construção do campus novo: novo endereço para a UNESP, porém mesmos problemas para a universidade.
Depois de 20 anos de promessas, finalmente “sai do papel” o novo campus. A empreiteira MVG Engenharia e Construções vence o leilão e começa a construção do campus e precisa, em tempo recorde, entregá-lo ainda no ano de 2008. Tempo recorde? Em outras palavras, com a total desvalorização dos direitos trabalhistas! Trabalhadores que vêm de toda a região próxima para construir uma universidade, universidade para quem? Para essa minoria elite de nosso país.
Para além de todos esses problemas dessa política neoliberal que esquece a maior parte de nossa população, ainda nos deparamos com o sucateamento do ensino público. Uma universidade que além de servir uma minoria, dá continuidade a essa política quando se abstém de qualquer política de assistência estudantil. A construção desse novo campus de Franca é absurda, não leva minimamente em conta as particularidades do prédio, segue a mesma lógica dominante, resultando assim numa nítida falta de estrutura tanto do terreno quanto do prédio que está sendo levantado.
O terreno é dominado pela voçoroca, da qual pode resultar problemas ainda maiores, como o entupimento da rede de esgoto local. O restaurante universitário que é um problema atual e todos pensaram que finalmente seria esse um problema resolvido, não! Deparamo-nos com o triste fato que nosso diretor Dr. Ivan acredita que simplesmente implantando cartão magnético e catracas na porta do RU os problemas se resolverão, quando na verdade só piorarão, uma vez que impossibilitará que as pessoas continuem dividindo a bandeja. Para aumentar o número de refeições, precisamos aumentar o número de trabalhadores na cozinha, por isso levantamos já nossa bandeira por contratações imediatas e pela não precarização do trabalho!
Ao invés de ficarmos nos preocupando com catracas em todas as portarias, com medidas de segurança, com rondas etc, devemos nos preocupar com as salas de aula que ficarão com seu tamanho reduzidos, com os grupos de extensão que não terão sala, com o espaço das entidades que reduziu drasticamente! Como o senhor Dr. Ivan mesmo anunciou, nós não queremos dar passos para trás, queremos dar passos adiante! Deixar a biblioteca apertada, reduzir o tamanho das salas de aula, não construir um salão para as palestras (o que chamamos hoje de “salão nobre) e ainda reduzir drasticamente o espaço onde os estudantes reúnem-se e discutem politicamente suas atuações, realmente, se não for dar passos para trás, seria o quê? Devemos incentivar o acesso da população à universidade e não amedrontá-las com catracas, câmeras e crachás! Queremos acesso livre e irrestrito e não um acesso onde perpetuará esse elitismo, afinal quem determinará quem pode e não pode entrar naquele espaço? Quem ditará as regras sobre o certo e o errado? Será que somos “nós”? Nós que nem espaço para nos manifestar livremente nos conselhos de curso, na congregação temos? Nós que nem votos no conselho universitário temos? Ou seria o “nós” da periferia, que nem segurança e moradia temos? Nós do morro do Complexo do Alemão que não nos permitem a defesa só o preconceito e tiros da polícia? Nós da periferia de Salvador que nos amontoam os corpos tomados de tiros todas as semanas?
A universidade não é praça pública como disse o Dr. Ivan, pois a universidade também não é nossa e devemos lutar para que seja! Nossa e de todos os trabalhadores! Nossa e de todo o povo pobre! Nossa!

- PELO LIVRE ACESSO A UNIVERSIDADE!
- PELA CONTRATAÇÃO IMEDIATADA DE MAIS TRABALHADORES!
- POR MAIS ASSISTENCIA ESTUDANTIL!
- PELA IMEDIATA CONTRATAÇÃO DOS TERCEIRIZADOS!
- PELO FIM DA PRECARIZAÇÃO DO ENSINO!
- PELO FIM DAS CATRACAS E DAS CAMERAS DE SEGURANÇA!
- PELO FIM DESSA BUROCRACIA ACADÊMICA!

MOVIMENTO A PLENOS PULMÕES
Do questionamento da universidade de classes ao questionamento da sociedade de classes

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